O assunto valor em saúde tem tomado proporção nas mesas dos gestores hospitalares e de saúde em geral. Não há novidade nesse tema, mas é indiscutível que o tópico está em próspero crescimento no Brasil e no mundo. Na década de 90, nos Estados Unidos, foi onde começou a se discutir as relações entre provedores e pagadores do sistema de saúde (público e privado), baseado no desgaste dessas relações e na otimização do sistema.
A premissa é observar a saúde do ponto de vista do paciente, das suas necessidades e expectativas. Dessa forma, a cadeia de valor da saúde se adapta aos pacientes para lhes prover o melhor resultado em saúde. Obter o melhor desfecho pode significar não realizar um procedimento no paciente se suas consequências não forem as melhores para sua saúde.
Até hoje a saúde é remunerada pelos serviços efetivamente executados, seguindo essa lógica, quanto mais se faz mais se ganha. Mudar esse cenário tem sido desafiador aos estudiosos de gestão em saúde em muitos países, pois é difícil remunerar pela performance. Mas é possível. E como obter mais valor em saúde através da interoperabilidade? o que é interoperabilidade?
A percepção positiva do paciente sobre a experiência do atendimento tende a aumentar muito quando ele passa por um ambiente em que as informações se integram e interoperam, e que conta com uma equipe assistencial mais atenciosa por estarem completamente cientes da sua situação, já que passarão menos tempo buscando dados e mais tempo analisando-os.
Quando os sistemas são integrados, eles facilitam o fluxo de informações, que leva a um ganho de eficiência e rapidez no desfecho de saúde do paciente. Interoperabilidade também diminuí a demanda pela inserção manual de dados, liberando mais tempo, minimizando erros, e suavizando o problema da legibilidade devido ao preenchimento manual do prontuário.
Não há como tratar de valor na saúde sem abordar a questão de seus custos. Por isso, iremos mostrar algumas formas com as quais a interoperabilidade reduz os custos e melhora a qualidade da assistência.
– Com o histórico integrado ao prontuário do sistema, evita-se a repetição de exames;
-Informações mais completas e precisas no histórico do paciente levam a acuracidade nos diagnósticos e tratamentos dos pacientes. Assim, reduzindo a média de permanência, evitando reincidência de internações, além da redução de tempo;
– Reações alérgicas que o paciente esqueça de informar estarão contidas no sistema, evitando situações perigosas com medicações;
– A interoperabilidade substituiria muitos documentos de papel por informação digital, facilitando registo, acesso, armazenamento e melhorando as comunicações;
– Redução do tempo que a equipe de assistência perde buscando informações do paciente, pois todas estariam em um local só: o sistema;
– Dados digitais ou eletrônicos também fortalecem a segurança e a proteção das informações sensíveis de pacientes dentro dos padrões de mercado, totalmente em acordo com a LGPD (lei geral de proteção de dados), a vigorar no Brasil a partir de agosto de 2020.
A integração dos estabelecimentos de saúde, por si só, pressupõe vários ganhos. Alguns exemplos se traduzem em ganhos de qualidade e redução de custos, como a redução de médias de permanência, ou redução da readmissão em unidades de terapia intensiva.
Considerando que a fórmula de valor em saúde se traduz por valor, qualidade/custo, vale a lógica de que quanto mais qualidade se entrega, mais valor é gerado. Por consequência, quanto menor o custo gerado, maior será o valor de retorno. Isso faz com que a interoperabilidade seja peça chave na construção de mais valor para os serviços de saúde.
Os desafios são muitos, mas os caminhos também. No entanto, tudo passa pela tecnologia, pelo fluxo da informação e proteção dos dados clínicos dos pacientes. Esses pilares são a chave para obter mais valor em saúde através da interoperabilidade.
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