INTEROPERABILIDADE DE DADOS APLICADA AO SETOR SAÚDE

Existem situações em que as informações em saúde realmente importam, salvam vidas:

  • Quando alguém chega em uma emergência hospitalar, os médicos e enfermeiros não conhecem a história pregressa, alergias, tratamentos;
  • Ou pacientes com câncer, que recebem tratamentos em vários locais, e a cada primeiro atendimento precisam repetir toda sua história;
  • Ou, ainda, pacientes com múltiplas condições crônicas, que tomam muitos medicamentos e recebem vários tratamentos, às vezes são incapazes de reportar todos os pontos importantes sobre sua saúde.

Todas essas situações mostram como os sistemas de saúde costumam atuar. Existem múltiplas portas de entrada ao sistema, formas não organizadas de encaminhamento, instituições de saúde que trabalham isoladas em silos, lógica de atendimento passiva e reativa, dados de saúde restritos àquele local, não compartilhados e indisponíveis mesmo para o paciente.

Essas características geram grande desperdício de tempo e recursos para as pessoas atendidas, para os profissionais de saúde e para o sistema como um todo. O mais grave é que as pessoas podem ter seus problemas de saúde não resolvidos e agravados.

O que estamos fazendo para melhorar?

Novos modelos de organização assistencial tem sido propostos, testados e avaliados. Modelos de organização em redes de atenção à saúde, definidos como um conjuntos de serviços de saúde vinculados entre si por objetivos comuns e agindo de maneira cooperativa e interdependente para ofertar uma atenção contínua e integral a população.

Em outras palavras, busca-se a atenção prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo e com qualidade, garantindo o melhor resultado em saúde com o uso racional dos recursos.

Nessa linha, podemos citar como exemplo os sistemas públicos e universais Inglês (National Health Service – NHS) e Canadense (Canada’s Health Care System) e iniciativas privadas bem sucedidas como os subsistemas oferecidos pela Kaiser Permanente (KP) e Cigna.

Esses sistemas de saúde estruturam redes assistenciais para sua oferta de serviços, que se tornam interdependentes e estão focadas no mesmo objetivo. Para isso acontecer é necessário garantir a comunicação fluida entre as instituições, e que devido ao volume de dados existente, só é possível com troca e interoperabilidade de informações. Esse cenário fica evidente pelo forte investimento observado em estratégias de geração e compartilhamento de dados em saúde, como  a NHS Digital, Canada Health Infoway, KP HealthConnect© e Healthwise©.

A interoperação de sistemas e compartilhamento de dados em saúde também já é vislumbrado como tendência de curto prazo por organismos nacionais e internacionais. Espera-se o investimento de mais de 223 milhões de dólares no Brasil para a integração dos serviços e troca de dados em saúde e o surgimento de instituições de saúde “inteligentes”, capazes de receber, enviar e fornecer aos profissionais e pacientes suporte avançado para decisões clínicas com base nos dados atuais e dos atendimentos  passados.

O que é interoperabilidade e como ela tem contribuído para os serviços e sistemas de saúde

O conceito de interoperabilidade sintetiza a forma e os resultados esperados com o compartilhamento de dados e informações em saúde. Interoperabilidade de dados em saúde é a ação de comunicar, trocar dados e usar as informações compartilhadas, mediante padrões que independem dos fornecedores de sistemas, para que as instituições trabalhem juntas além fronteiras organizacionais, com foco na prestação eficiente de cuidados de saúde para indivíduos e populações.

Um série de evidências nos mostra os ganhos práticos da troca e interoperação de dados em saúde. Nesta série de publicações iremos conversar sobre as diversas possibilidades, vantagens e dificuldades apresentadas na implantação de soluções de interoperabilidade de dados e informações em saúde. O próximo artigo será sobre o impacto da interoperabilidade nos custos assistenciais. Te esperamos lá!