A cada ano se reinventa a necessidade de revisar o negócio, analisar cenários e planejar o futuro. Nesse momento, gestores de todas as organizações, especialmente as de saúde, se dedicam a buscar informações e dados que possam contribuir nas projeções de seus clientes, negócios e mercados.

Planejar o futuro é diferente de futurologia. Demanda muita dedicação, capacidade analítica e conhecimento do seu mercado, clientes e processos internos. Nesse sentido, é importante buscar apoio de institutos de pesquisa e tendências para incluir e validar os tópicos de análise internos.

Para a saúde, a previsão é de muita tecnologia e automação de processos. Esse setor da economia, que historicamente ficou atrás dos bancos e da indústria, é visto agora como a bola da vez. Não é coincidência que até 2019 havia aproximadamente 1000 startups que atuavam no setor.

Para os próximos 5 anos, projeções apostam que as tendências de inovação serão tecnológicas, de processo, ou causadas por alterações socioambientais. A seguir, algumas das tendências mais comentadas nos principais eventos de gestão e saúde.

 

Inteligência Artificial

Várias empresas já fazem o uso de inteligência artificial. E é certo que ainda há muito espaço para sua utilização. A capacidade de aprendizagem dos algoritmos evolui diariamente tornando-os cada vez mais assertivos. Estão atuando forte em previsões de doenças, prognósticos e no impacto social da expectativa de vida de uma população. A aplicação dessa realidade trará novos cenários e competências para que gestores tomem decisões baseadas na IA.

 

CENTRAL DE COMANDO ou COMMAND CENTER

Ainda pouco utilizado com este conceito no Brasil, o Command Center é uma sala de comando central. Trata-se de um local com diversos monitores e profissionais responsáveis pela análise dos dados. Engana-se quem pensa nas antigas “torres de controle” onde se acumulavam indicadores com muitas informações e poucas ações. Outra mudança no conceito é que o Command Center traz o foco no processo. Avaliando SLA’s definidos pela própria instituição, os profissionais monitoram o cumprimento ou não e atuam no plano de ação para recuperação do indicador. Assim sendo, o papel e perfil do “analista” é outro. Podendo ser um médico, enfermeiro ou engenheiro clínico. Tem feito grande diferença em alguns hospitais nos EUA e chega ao Brasil para acrescentar principalmente nos grupos de empresas de saúde.

 

Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

A LGPD regida pela Lei 13.709/18 tem como objetivo criar um ambiente seguro aos usuários de serviços. Não é novidade você ter seus dados solicitados em lojas, escolas ou até hospitais.

No caso da saúde, é mais complicado por se tratar de informações sensíveis e muito particulares. De qualquer forma, já estava na hora de ser criada uma regulação sobre os dados e a sua forma de obtenção, utilizada por muitas empresas.

O preparo e ajuste para prever as exigências legais desse assunto são bastante complexos e exigem uma grande dedicação e conhecimento. Como resumo, as autuações mais graúdas devem ser contra aquelas instituições que não têm programas de proteção de dados implementados em casos de vazamento de dados de clientes.

Saúde baseada em Valor

Desde a década passada que PORTER comentava sobre as relações entre prestadores e pagadores que precisavam de mudança. A transformação do modelo de pagamento tem como objetivo colocar a cadeia de valor a pensar sob o ponto de vista do paciente. Em primeiro lugar, isso significa que um procedimento só deve ser realizado em caso de necessidade. Em segundo lugar, se for necessário a remuneração de tal procedimento, o valor se dá sob o resultado clínico e não pelo ato em si. Essas mudanças passam por uma nova avaliação dos hospitais segundo sua capacidade de boas entregas e, não mais pelo volume de procedimentos ou quantidade de leitos.

À medida que melhores resultados são entregues ao paciente, melhor será sua experiência e qualidade de atendimento. Tendo os melhores protocolos e tratamentos, chegamos aos menores custos. Melhor qualidade sobre menores custos fomentam mais valor. Se os prestadores entregam mais valor, é natural que recebam mais por isso. Essa lógica é ganha-ganha. O contrário é verdadeiro, perde-perde. Quanto mais problemas, mais custosa a conta do paciente, e mais o prestador recebe independentemente da satisfação do cliente. Esse é um marco para a sustentabilidade do setor uma vez que os recursos tendem a ser cada vez mais escassos.

“A trajetória do paciente a partir do consultório médico e o desenrolar do seu tratamento tem sido um dos grandes desafios para engajamento e eficácia do tratamento. Neste sentido a COORDENAÇÃO DE CUIDADOS tem sido uma grande estratégia para evitar desistências, abstenção, descontinuidade e desordem nas etapas do tratamento. O que por fim, evita custos e melhora experiencia do paciente.” 

Não há dúvidas que a pandemia causada pela COvid-19 deve ter impacto na urgência das medidas a serem adotadas pelas instituições de saúde com maior ou menor intensidade, a depender do seu perfil. Momentos de crise, especialmente no setor da saúde, são naturais. De qualquer forma, os demais eventos não deixarão de acontecer. Apenas houve uma prorrogação das atividades, e tão logo iniciaremos uma flexibilização e regressaremos as atividades.

O grande valor de implementar medidas de tendência é poder surfar toda a onda de benefícios, reduzir riscos e colher frutos do pioneirismo. Não obstante, não seguir as tendências significa um distanciamento da realidade futura. Os líderes de segmento normalmente são os inovadores e pioneiros, não é por acaso.